quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Encantoando Sentimentos...


















Há dias em que me basta uma folha olhar,
Para no mundo aquoso das lágrimas entrar...
Mas há também dias gélidos e perdidos,
Que aturdidos,
Os sentimentos recluem-se,ensimesmam-se,
Trancafiam-se na cela mais segura,
Meu coração,
Não digo que não...

E em meu rosto pálido,
Vejo sentimentos,
Coisas de momentos,
Encantoados,
Isolados de mim,
Com seus propósitos,anseios,ideais,
E nada mais...

Por vezes doí essa feroz reclusão,
Essa sentença...
Que esses sentimentos algozes deram á meu coração...
Expressar,pensar,os matar...
O que fazer?
Se nada mais se pode dizer...

E neste verso recitativo,
O meu eu fica pensativo,
Cogitando,
Argumentando,
E pensando...
Se realmente vale á pena,
Encantoar meus sentimentos,
Já que minh'alma não é pequena...

Bem sei eu que o passado já passou,
Mas ele foi e marcas deixou...
Deixou sentimentos tão ou mais espinhosos do que fresca rosa,
O qual mo trouxe a rebordosa...

Encantoar sentimentos,
Não mais o posso,
Porque isto me trás tormentos,
Remete-me á maus momentos...
Por isso quero é que voem,
Embarquem na nau,
E que esta leve o que me causaram todo mal...

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

Poeira de estrelas... (Homenagem ao fim de Hollywood)












Onde antes um vermelho tapete era estendido,
E o simples era aplaudido,
Hoje cede lugar á um mundo não compreendido...
O ator que antes era galã,
Hoje é um qualquer aturdido...

A das bilheterias atribulação,
É coisa que faz ter saudade o coração...
As noites de gala e de estreia,
Nos faz ter a mais perfeita ideia,
Dos anos doirados do cinema falado ou mudo,
E nos faz querer reviver novamente tudo...

A orquestra imponente,
Deu lugar ao som gravado,
E isto foi o que iniciou a era do cinema falado...
Após isto,
Muita cousa boa veio,
Depois só piorou,
Quando a tal da tecnologia chegou...

Caro(a)leitor(a),
Isto não é saudosismo barato,
É o do cinema ultimato...
Onde antes reinavam reais cenários,
Hoje imperam efeitos e mais efeitos sem gosto algum,
Porque a realidade hoje,
E é verdade,
Não se retrata mais em filme algum...

Digo isto e com pesar,
A situação do cinema hoje nos faz pensar...
Onde está tudo que meus olhos viram,
Cadê a graça de Hollywood,
Cadê que meus olhos não a veem,
Tenho certeza...
Sumiram...

Hoje só restam memórias,lembranças,
E talvez esperanças...
Que retorne,que regresse,que volte,
Aquele cinema verdadeiro,
Como o filme primeiro,
Que tenha história,
Bem como seus atores,
Que hoje nada mais são,
Do que um poço de suas dores...

Hoje só restou poeira de estrelas,
Poeira essa que não nos deixa esquecer,
Aquele cinema que veio á morrer,
E que todos nós gostávamos de ver...

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

Que a força do medo que tenho...




Que a força do medo que tenho,
Não me impeça de ser feliz,
Que me faça mais forte e guerreira,
Não é vez primeira,
Que transformo bala de canhão em flor,
Tudo isso é questão,
De saber ver por onde se esconde o amor,
E quebrar o pesado grilhão...

Que meu coração,
Não se transforme apenas em um pedaço de matéria que pulsa,
Pulsa com razão ou não...
Que eu possa não ter nada,
Nada que mo faça sofrer,
E caminhar quero pela rupestre estrada,
Olhando para trás,
E da felicidade ser um ás...

Que a força do medo que tenho,
Só me faça mais forte,
Tão ou mais do que a temida morte...
Que eu aprenda a viver e a conviver,
Ver e encarar tudo aquilo que antes,
Eu me recusava á ver...

Que nada me faça desistir,
Daquilo que minha vida inteira eu quis,
E isto buscar quero ir...
Somente desejo que a força do medo que tenho,
Invés de me fazer chorar,
Que me faça rir...

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Ontem,eu chorei...

Ontem eu chorei...
Dos velhos tempos doudos e tontos recordei,
Vi a leve folha cair ao chão,
Mas somada com o peso de minhas lágrimas,
Parecia que ali explodia trágico rojão...

Ontem,eu chorei...
Sem motivo,
Sem razão...
Apenas por dar ouvidos as vozes falazes de meu coração,
Por pensar demais,
Ser demais...

Porque tudo na vida é lembrança,
E tudo faz parte de minha andança,
Como não lembrar?
Como não recordar?
Como não sofrer?

E em um jogo de regras heteronormativo,
Encontro o meu eu pensativo...
Meu coração é um diamante que deveras precisa ser galdido,
Caso o contrário,
Será mais que aturdido...

Mas...
Ontem,eu chorei,
Não chorei porque pensei,
Chorei porque cansei...
Cansei desse mar de nada,
Dessa estrada de tédio,
E que não há um só remédio,
Para esta vida acogulada,
Como supradito,
De um monte de nada...

domingo, 7 de fevereiro de 2010

eaux dernières... (águas passadas)




Mes eaux dernières,
Coração!Porque revivê-las queres,
Que infelicidade e amargor te apanha,
Que teia teceu a da solidão aranha?

Para que querer reter águas que já vieram,
Que tão cristalinas eram...
E hoje só carregam o peso de memórias mudas,
Memórias caducas,
Malucas...

Deixemo-as levar o passado,
E o dar por encerrado...
Mes eaux dernières,
Você!Porque revivê-las queres?
Vamos deixar de lado,
Este teorema ab absurdo,
E ouvir o barulho surdo,
Das novas águas que vem,
Com saudosismos sem...

Mas ab aeterno,
Será este meu sentimento terno,
Pelo passado extremado,
Morto e bem enterrado...

Vamos deixar de ver o passado pelos olhos falazes da fantasia,
E com supremacia viver o presente,
Deixemos de lado as geladas importunações,
Essas que tanto ferem nossos corações...

Eaux dernières...
Eu não as quero viver...
Quero a alma livre ter...
E tu por que com tantos argumentos ferozes contra ainda queres?

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

Medo do futuro...

Entre amanhã e em diante,
Existe algo que para mim é apavorante,
O futuro...
Meu presente ainda imaturo...

Penso que o futuro é aquilo que nunca irei conhecer,
Mas suas consequências modernas,
Ah!Essas eu hei de sofrer...

O futuro é nuvem carregada,
Pronta para sob minha cabeça,
Chover um monte de nada...

O futuro é incerta corredeira,
Que te faz vez derradeira,
Ver o passado ilustre,
Morte gasosa...
É o intervalo onde nasce,cresce e morre uma rosa...


Medo tenho eu,
Não sei onde estarei,
Mas lá na frente esta história contarei...
Não me apavorei,
Em saber vez primeira que o tempo passa,
Que tudo se moderniza e perde a graça...

Mas triste,
Ah!Isso fiquei,
Pois pensar que o mundo fosse virar mecânico e automático,
Isso jamais pensei...

E...
Medo do futuro,
Ah!Isso sempre terei...

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Entre bosques e arabescos






Enveredo-me por um bosque fascinante,
Com suas folhas todas trabalhadas,
Parece que nos exerce um olhar brilhante,
E nas folhas tão conhecidas,
Existem arabesques,
Traçados tão rebuscados da vida...

Penso em sombra,
Uma árvore mo dá,
Vejo tantas com seus enormes braços de madeira apontando para lá e para cá,
Caio na indecisão...
No bosque o silêncio é tanto que até escuto,
O bater de meu coração...

E maravilho-me,
Com os detalhes minuciosos da natureza,
Enveredo-me pela ala de velhos carvalhos,
Céus!Como são atenciosos com os passarinhos que ali poisam,
Natureza de esplendorosa beleza,
E com toda a certeza,
Afirmo com toda a clareza,
Que amo esta pátria natureza...

Ainda que seja rude e apagada,
Serei eu á natureza dos arabescos sempre apegada,
Porque cada detalhe,
Deus que me valhe!
É pedaço de mim,
Sim!
Estes arabescos todos da natureza,
Ah!Um dia eu os traduzo
Em um sonho pintado com toda clareza,
Assinados por final com a minha certeza...
Entre bosques e arabescos,
Desperto-me os sentimentos mais pitorescos...

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Não obstante de tudo fui deveras feliz...

Entre retratos cobertos de poeira,
E papeizinhos escritos asneira,
Sento-me da janela soleira,
E por vez primeira,
Reflito...
Admito e não omito,
Que não obstante de tudo fui deveras feliz...

Em tudo via graça,
Desde a borboleta poisada na praça,
Até as águas de rios gorgolejantes,
Que as de hoje não são tão belas quanto antes...

Á correr,
Sentia mais rapidamente e felizmente a hora de morrer,
Entre feridas e raspões,
E amaros corações,
Não obstante de tudo fui deveras feliz...

Inda ontem lamentava-me,
Cacos de dor,
O coração cortava-me,
Mas hoje,
Reina aqui o amor...

Ver hoje o sol,
É claro,
Não tem mais tanta graça do que ver,
Aquele teatral arrebol,
Que mo fazia refletir o que eu queria ser...

Mas não obstante de tudo fui deveras feliz,
A alegria do amargor era o algoz,
Apesar de hoje reinar o sentimento atroz...
A alegria era assaz companheira...
E hoje por vez primeira...
Na da janela soleira,
Reflito,
Admito e não omito,
Que meu passado foi mui bonito,
E não obstante fui deveras feliz...