quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

Paisagens de outrora...



Ah!Doce ar de montanha,
Que entorpece até mesmo a mais venenosa das aranhas,
E nestas circunstâncias,
Ponho-me á pensar,
Que ás minhas ânsias,
Á quase todas tive que recusar,
Aos medos recuar,
Mas não por força de vontade,
Mas sim por que vem chegando-me a idade,
E tem de se aprender,
Que a vida não é somente debuxar,
Mas em sua essência escrever,
Se se quiser viver...

Então as paisagens de outrora,
Inundam minha mente demasiadamente saudosa,
Pintando em minha cabeça,
Uma linda e aquarelada aurora,
Que nessa festa de cores,
Vem fazer esquecer das inúteis dores,
E assim me faz viajar,
Por detrás das colinas,
Antes de inventarem as bonecas com que brincam ás meninas...

Assim caminho desviando dos ponteiros do relógio,
E se tenho saudades?
Ora,é lógico,
Mas mais que saudades de pessoas,de fatos,de cidades,
Tenho saudades de feitos bravios,
De emoções em rios,
Do mundo em flor,
De toda a andança,
Que fiz desde criança,
E principalmente da dança,
Dança essa do viver,
Que até hoje sua coreografia,
Não consegui entender...

Relicário

Hoje eu acordei com vontade de lembrar-me,
Dos dias infindáveis de outrora,
Em que na hora,
Os olhos tem de enxugar-me...

Pois é tamanha emoção,
Que não me cabe ao coração,
De entrar nesse relicário,
Nas linhas da minha mão,
Vive esse passado,
Passado em demasia por mim lembrado...

Brado então,
Cantigas e fados,
Para relembrar esses áureos passados,
Que são como pássaros,
Donos de seus destinos,
É como ver a felicidade nos olhos de um menino...

Minh'alma clama,
E á todas as memórias,
Praticamente que ama,
E faz peso,
Desse tempos modernos,
Em que se escondem pútridas mentes,
Com e por de trás de lindos ternos.

Que venha então,
Os tempos de poltrão,
Em que nada do outro quer se saber,
E até de si próprio,
Corre o risco de se esquecer...

Por isso guardo minhas memórias,
Num relicário imenso,
Que não tem fim nem começo,
Mas que trago comigo a certeza,
De que guarda lindas histórias...

terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

As muralhas de meu coração

Meu coração pulsa de forma descontente,
E por mais que se tente,
Brilho e luz ele não ganha,
Seu batimento como uma voz rouca as paredes arranha,
E no luzir de mil estrelas,
Eis que o brilho de uma falhou,
E por esta que as muralhas de meu coração desmoronou.

Naturalmente que volte a pulsar com alegria,
Mas estraga absolutamente tudo essa típica monotonia,
E,como uma descompassada sinfonia,
As muralhas de meu coração são derrubadas,
Escritas,depredadas,
Pela ação do tempo,
Sino que tange á meia-noite,
Como um açoite,
Que corta minhas faces,
E eu me indago:
O que fazes?

Essas muralhas não são de ouro nem de cobre,
Mas são mantidas pelos sentimentos mais nobres,
E sua caída,
Representa toda minha indignação,
Com este mundo,
Que leva aos pés um pesado grilhão.


Toda a vida em um segundo,
E penso o que vale ''tudo'' para o mundo,
Nada,
Pois o mundo é feito de cada,
Escolha minha ou sua,
Tanto faz se se more em palácios ou nas ruas,
Mas as muralhas do meu coração,
Não tem um quilômetro,
Nem um milhão,
É do tamanho suficiente para estampar todos os sentimentos,
Coisas do passado ou coisas de momento,
Mas...
Sentimentos...

sábado, 21 de fevereiro de 2009

Amanhã

Amanhã tenho fé,
Que a suprema luz guie os meus pés,
Que a genialidade de tudo permaneça,
Que o amor floresça,
Dos mais nobres corações,
Que amanhã,
Sejam quebrados os pesados grilhões,
Que tudo que se ame,
Continue,
E tudo que se desgosta se atenue,
Que possa eu ter a quimera,
Do bem viver na nova era,
Pois o tempo não me espera,
Para a extenuante caminhada involuntária,
Conduzindo-me assim,
Para desconhecida área...

Que amanhã eu tenha a graça,
De alimentar os pombos arrulhantes na praça,
Que eu tenha o dom de saborear uma rósea maçã,
Que eu tenha o dom de ver a mais das fadas louçã,
Perante todas as conjunções futuras,
Representantes do amanhã no alfarrábio,
P'ra mim já estão mais que maduras,
Na hora de cair,
E se esquecer da queimadura do amanhã,
Sobre o vasto arquivo de nossas mentes,
Nos fazendo assim doentes,
Sedentos por um novo amanhecer,
Para assim o futuro incerto conhecer...

Insuflando em meus pulmões um novo ar,uma nova vida,
Recuperando as forças do ontem perdidas,
Amanhã,amanhã,
Chegas logo para desanuviar,
Uma dor que acabo de comprar,
E chegas também,
Para dizer á mim,
Que uma vida não vale mais que ningúem,
E que vens á todos,
Não olhando á quem...

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

Inebria-me

Inebria-me a sombra dos fatos,
A lua redonda,
Ilumina os gatos,
Na solidez de tudo,
Afirmo que é de se ficar mudo,
Toda tontura,
Do mundo são nossas razões,
De todos corações,
De sentimento é tortura.

Inebria-me a sinceridade da lua,
Em decretar seu amor ás montanhas,
Beijando-as,para dar lugar ao sol,
De tamanha beleza arrebol...

Inebria-me a razão da terra,
Em deixar crescer,
O que terá motivo certo p'ra morrer,
E que é tão bondosa de deixar em sua superfície meu ser e tantos outros viver..

Inebria-me o perfume suave das flores,
Tantas enfeitam o fim como o início de belos amores,
Outras enfeitam a morte,
Dando-lhe um ar mais sereno,
Morte essa que a gente tem de se acostumar desde pequeno.

Oh!Mas se pudesse eu agradecer ao mundo suas belezas,
Deus,nem seria cabível á minha natureza,
Natureza de desfalecimento perante,
Tanto esplendor,
Que até trás-me dor,
Em pensar que um dia fecharei os olhos para toda essa graça,
E então irei ver os pombos da praça,
No alto...
Bem no alto...

Inebria-me tudo,
Inebria-me o nada,
Inebria me o pouco,
E inebria-me o cada,
Inebria-me o caminho,
Que sigo por esta estrada...

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

Salto p'ra eternidade...



Hoje mesmo estava perdida,
Aturdida,
Pelos amargores do viver,
E pensei que se relembrasse de bons momentos,
O tempo parado podia ser...

Mas qual nada,
A realidade jogou-me suas tranças,
E que realidade mais pesada,
E assim as lembranças faziam na minha cabeça incontáveis danças...

E assim iludida,
Confiante e bem vivida,
No quesito,
De o tempo passar,
Dei-me á cara amarrotar.

Assobiei uma velha canção,
Aquela que tinha em meu velho coração,
Mas derrepente,
Me vi presa á aquele tomado de estupor grilhão.

Então adormeci na cauda de um cometa,
E pude assim evitar que no perigo do esquecimento eu me meta,
Vi,revi,
E por fim outra vez vivi,
Assim como a garça e o flamingo,
Esvoaçantes nos céus,
Num gracioso e estupendo domingo.

Senti-me possuidora de toda a leveza,
Da graça de rever,
A natureza de meu viver,
Que beleza lembrar,
Que triteza esquecer,
Queria poder para eternidade saltar,
E para o esquecimento morrer.

domingo, 15 de fevereiro de 2009

O que sou...

O que sou hoje nada mais devo,
Á quem não vejo,
Mas é como de quatro folhas um trevo,
Que não me deixa esmorecer,
E não deixa meu dia escurecer,
Que me faz ter coragem,
Quando julgo destruída minha imagem,
Que faz o vento balouçar meus cabelos,
E despede-me dos pesados grilhões,
E de boas novas,
O meu coração arrebata em milhões,
Que guia meus frágeis pés,
Bendita luz que és,
Á ti só tenho o simples pedido:
Devolve á luz aos fracos,
Recupera-me o perdido,
E faça elogiado,
O que se sente ofendido,
O que sou?
Sou criatura de extrema saudades,
De outros tempos,de outras idades,
Mas o que sou realmente,
Se resume á ti,
Que rege meu corpo,alma e mente.

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

A Inconstância



A inconstância é bicho solto,
É o sentimneto de liberdade morto,
É tudo aquilo que eu não sei explicar,
É tudo aquilo que não se pode escapar...

Não é sentimento,
É puro momento,
É vento que bate e volta,
É rua certa e torta...

Conheço e desconheço,
Este elemento,
De momento,
Que é razão de tanta poesia,
É como a maresia...

Inconstância,
É o sim e também o não,
É o firmamento e o chão,
Mas sobre tudo é toda incerteza
E toda razão.

terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

Minha Palavra

Minha palavra,
Eu já disse,
Que por mais que se sorrisse,
Nada mudaria,
Tudo findaria,
O sol se esconderia...

Minha palavra,
Não é incorrigível,
Mas minha mente é bem legível,
E disso faço qualidade,
Desmonto toda uma cidade,
E o que importa minha idade?

Se o mundo cair quem vai segurar?
Ninguém,
Exceto se alguém,
A palavra paz pronunciar,
Essa é minha idéia que acabo de pensar,
Resumindo:
Essa é a minha palavra,
Que tenho amor em expressar,
E dou fé em assinar.

sábado, 7 de fevereiro de 2009

Ontem

Ontem já se foi,
E o que resta é toda uma melancolia,
Como um tonel de água fria,
Igual a toda a monotonia...

Ontem é passado,
Esquecido,enterrrado,
Morto,relevado,
Irrelevante para mim,
Mas para fundir meus pensamentos é o sim.

É tudo aquilo de que não posso lembrar,
É toda dor que muito custa á passar,
É a avenida que nunca mais irei cruzar.

Sintetizando o amargo doce das lembranças,
Em minha cabeça faz várias danças,
Cantigas,sonetos,serenatas belas,
São muitas janelas em uma só,
Mistério puro como o canto do curió,
Isso é o ontem,
Passado inerte,
Escolha para que eu sempre acerte...

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

A folha em branco


















Existe uma folha em branco,
No livro de minha vida,
Mas a esqueci num velho banco,
Uma parte de mim querida...

Suspirei por entre velhos mares,
Respirei então novos ares,
Pelo esquecimento de não escrever nesta página do viver...

O rosto do sofrimento,
Assola-me por um momento,
O que era obrigação escrever n'aquela folha,
Já caiu no esquecimento.

O vento chicoteia minhas faces,
E eu me pergunto:
O que fazes?

Por que tortas ruas têm andado?
Que doudos costumes têm estudado?
O dito é dito,
E o falado é falado,
E a folha,
Branca,
Esquecida,
Por onde tem andado?

Horizonte

Hoje pus me á olhar para o horizonte,
E percebi que as estrelas sempre desaparecem,
Por mais que eu ás conte...

O horizonte no céu só me inspira,
E a cabeça dos doudos pira,
Pela incompetência de não entender,
O que o firmamento quer nos dizer.

Horizonte,
Carmim,
Aroma de jasmim,
Perfuma todo meu mim,
Faço o quê?
Se sou assim?

Minha poesia é clara e bela,
E também é a minha janela,
Janela para o horizonte,
O meu horizonte,
Que eu desejo que a estrela da paz
Desponte,
Horizonte...

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

Hoje jaz aqui...



Hoje jaz aqui,
Em meu coração,
Um antigo sonho,
Que vi escorrer pela minha inerte mão,
Pus em tantas folhas encadernadas,
O meu grande querer,
Mas vi que estas folhas hoje estão todas enlameadas,
Pela lama fétida do desistir e do perder,
E no pântano de acre cheiro,
Vi todo meu desespero,
E com a cabeça maneando,
Do meu sonho antigo me despedi chorando,
Hoje jaz aqui,
O que um dia já nasceu,
E hoje na secura do solo de meu coração,
Brotou e morreu...
Não me faço questões de nenhuma espécie,
Só queria mesmo que se soubesse,
Que por mais que se quisesse,
Neste ingrato canal de ilusões,
De balouçantes corações,
Não poderia evitar que se caísse em raras e fundadas decepções,
Então hoje jaz aqui,
O que um dia já guardei com carinho,
O que um dia me rendera escarninho,
O que um dia calou o que me foi dito,
O que hoje só quero esquecer,
E um dia apenas me lembrar,
Como apenas aquilo de que eu gostaria de ter,
Mas no meu coração,
Hoje está a jazer...

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

Despertar

Despertar,
A janela p'ra amar,
O meu jeito de aceitar,
O sol ao horizonte deitar,
É o meu despertar...

E se eu me desesperar,
Quem virá me despertar,
O mecânico relógio?
Ou a minha mente inerte,
Nada que o meu coração concerte...

Há um só jeito de despertar,
Escolher entre o ter e o tirar,
Entre o tentar e o acertar,
Pois meu caro amigo,
A vida de escolhas é um mar!

Nada é para sempre,
Nem eu,
Nem julieta e nem romeu,
E o despertar,
É o da poesia apogeu.

Desperto eu,
Despertas tu,
Despertais vós,
Porém dos sonhadores,
O despertar é o algoz...