Entre retratos cobertos de poeira,
E papeizinhos escritos asneira,
Sento-me da janela soleira,
E por vez primeira,
Reflito...
Admito e não omito,
Que não obstante de tudo fui deveras feliz...
Em tudo via graça,
Desde a borboleta poisada na praça,
Até as águas de rios gorgolejantes,
Que as de hoje não são tão belas quanto antes...
Á correr,
Sentia mais rapidamente e felizmente a hora de morrer,
Entre feridas e raspões,
E amaros corações,
Não obstante de tudo fui deveras feliz...
Inda ontem lamentava-me,
Cacos de dor,
O coração cortava-me,
Mas hoje,
Reina aqui o amor...
Ver hoje o sol,
É claro,
Não tem mais tanta graça do que ver,
Aquele teatral arrebol,
Que mo fazia refletir o que eu queria ser...
Mas não obstante de tudo fui deveras feliz,
A alegria do amargor era o algoz,
Apesar de hoje reinar o sentimento atroz...
A alegria era assaz companheira...
E hoje por vez primeira...
Na da janela soleira,
Reflito,
Admito e não omito,
Que meu passado foi mui bonito,
E não obstante fui deveras feliz...
segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010
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